Os verbos HAVER, FAZER, IR, FALTAR e PASSAR

Os verbos HAVER, FAZER, IR, FALTAR e PASSAR quando usados para indicar tempo transcorrido. 

Nesse caso, o verbo HAVER deve ficar sempre no singular. Eu morava lá havia dez anos/Há 30 anos que nós não nos vemos. Mas como fica a concordância dos verbos FAZER, IR, FALTAR E PASSAR? 

A mesma regra do verbo HAVER vale para FAZER e IR quando indicam tempo transcorrido, eles ficam sempre no singular. Isto se aplica também às locuções verbais. Quando o verbo principal for FAZER, indicando tempo decorrido, o auxiliar fica no singular: Já deve fazer quase duas horas que ele telefonou/Vai fazer dez anos que não nos vemos.

Já os verbos FALTAR e PASSAR são verbos regulares que normalmente CONCORDAM com a palavra a que se referem. Por isso, NUNCA diga: falta dois meses para as férias (errado). //Faltam dois meses para as férias, faltam alguns dias para terminar o trabalho (corretos). Do mesmo modo: passaram 3 anos desde que ela foi embora (correto)// passou 3 anos (errado). Os anos passam... 

A EXCEÇÃO: Já passa das cinco horas/Passava muito das onze. Como estas orações não têm sujeito, o verbo fica no singular.
Existir, bastar, restar e sobrar também concordam com a palavra a que se referem. Assim, é correto: Existem várias explicações/Bastam dois dias para terminar o trabalho/Restam muitas picanhas na geladeira/Sobraram cervejas/Faltaram refrigerantes. (cf. "Estadão")

2° Caso:

Sei que os verbos "haver" e "fazer" indicando tempo são impessoais.
E quanto ao "passar"?
Vejam-se as frases:
1) Passaram muitos anos.
2) Passaram-se muitos anos.
3) Passou muitos anos.
4) Passou-se muitos anos.
Agradecia se me pudessem dizer quais das frases acima estão certas. Não sei se o verbo é pronominal, se há voz passiva e se "muitos anos" é sujeito ou se é objeto direto.
Afinal, "passar" é pessoal ou impessoal em frases deste tipo?

A frase 1) está certa. O sujeito é muitos anos. Os muitos anos é que passaram.
A frase 2) também está correcta. O sujeito é muitos anos. O se podemo-lo considerar como palavra apassivante (ouapassivadora). Isto é, passaram-se = foram passados - como também se diz.
A frase 3) não está correcta, porque o verbo está no singular, mas o sujeito (muitos anos) está no plural.
A frase 4) também a podemos ter como correcta, considerando o se como palavra, ou, talvez melhor, partícula indeterminante do sujeito. O sujeito existe, mas não se sabe qual é, porque se encontra indeterminado pela partícula se, indeterminante do sujeito. Isto é, alguém passou...
Na frase agora acabada de escrever vemos também o sujeito indeterminado em «não se sabe.»

Caso 3 :

Concordância com verbos impessoais – HAVER, FAZER, etc.

Qualquer brasileiro sabe que a regra de ouro de nossa sintaxe é a de que todo verbo concorda com o sujeito da frase. O que devemos fazer, contudo, com aqueles verbos que não são atribuídos a sujeito algum, os chamados verbos impessoais? O uso culto prefere deixá-los imobilizados na 3a. pessoa do singular. Felizmente esses verbos formam um grupo extremamente reduzido:

1. HAVER – Este verbo, quando usado nos sentidos de “existir” ou “ocorrer”, fica sempre  na 3ª do singular (o elemento em destaque é analisado como objeto direto):

CORRETO:
EVITE:
  • Havia dez interessados.
  • Haviam dez interessados.
  • Aqui houve alterações.
  • Aqui houveram alterações.
  • Haverá sessões contínuas.
  • Haverão sessões contínuas.

Você já deve ter-se acostumado a ouvir *”haviam pessoas”, *”haverão dúvidas” — construções provavelmente inspiradas, por analogia, em “existiam pessoas” e “existirão dúvidas”, mas com certeza ficaria surpreso se soubesse o quanto se discute, entre os estudiosos, a conveniência de considerar, de uma vez por todas, o verbo haver como um verbo comum com sujeito posposto. Há bons argumentos contra e bons argumentos  a favor desse “reenquadramento” de haver, e tanto um quanto o outro lado têm a defendê-los jovens e velhos gramáticos. Aqui se trata, porém, de definir um item do uso culto escrito; portanto, se você quer se sentir seguro, não invente moda e opte por deixar o verbo sempre no singular. Em outras palavras: se você não quer chamar a atenção de todos durante a cerimônia, use gravata (e, de preferência, com um nó clássico).

2. FAZER (e HAVER, também), indicando TEMPO DECORRIDO
CORRETO:                                           EVITE:
  • Faz três meses.                                  * Fazem três meses.
  • Amanhã fará dois anos.                     * Amanhã farão dois anos.
  • Fazia duas horas que esperava.         * Faziam duas horas que esperava.
  • Havia dois dias que não comia.         * Haviam dois dias que não comia.

3. FAZER, indicando CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS:
CORRETO:                            EVITE:
  • Fez dias belíssimos.           * Fizeram dias belíssimos.
  • Ali fazia 40° à sombra.       * Ali faziam 40° à sombra.

4. PASSAR DE, em expressões de tempo:
CORRETO:                              EVITE:
  • Passava das duas horas.      * Passavam das duas horas.
  • Passa das três da tarde.       * Passam das três da tarde.

Não confunda esta estrutura, que é considerada  SEM SUJEITO (note que “duas horas”, “três horas”, etc., vêm precedidos da preposição DE), com o verbo PASSAR que aparece nos exemplos abaixo, em que “três horas” e “três minutos” funcionam como SUJEITO:
  • Passam três horas do meio-dia.
  • Passavam três minutos das duas.

5. BASTAR DE e CHEGAR DE:
  • Basta de reclamações      (e não *bastam de)
  • Chega de pedidos             (e não *chegam de)

6. TRATAR-SE DE, com referência a uma afirmação anterior.

  • CORRETO:     Lá vêm elas. Não esqueça: trata-se das filhas do prefeito.
  • EVITE:            Lá vêm elas. Não esqueça: *tratam-se das filhas do prefeito.
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Para o falante brasileiro, as três frases abaixo são sinônimas
  • (1) Não havia dinheiro no cofre.
  • (2) Não existia dinheiro no cofre.
  • (3) Não tinha dinheiro no cofre.
Se trocarmos dinheiro por documentos, no entanto, está armada a confusão:
  • (1) Não HAVIA documentos no cofre.
  • (2) Não EXISTIAM documentos no cofre.
A frase (3) é mais complicada, pois o uso de ter com valor existencial ainda é classificado como inadequado na língua culta formal escrita. Se quisermos assim mesmo empregá-lo, vamos ter de escolher qual dos dois modelos (o de haver, impessoal, ou o de existir) ele vai seguir. Minha intuição aponta para a primeira hipótese: “Não tinha documentos no cofre”.
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